No dia de limpar a piscina

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Rodrigo apertou a campainha da casa dos clientes pouco depois das quatorze horas. Estava atrasado uns quarenta minutos e se preparava para pedir desculpas.

O portão se abriu e Camila, a proprietária, surgiu usando um biquíni sem nenhuma vestimenta adicional; na mão, uma lata de cerveja.

Ficou embasbacado, mas reagiu logo.

– Oi, dona Camila, desculpa o atraso, mas a bomba do outro cliente deu problema quando eu estava saindo e…

– Você já almoçou? – interrompeu sorrindo, desinteressada da argumentação do moço aflito.

– Não… Não deu tempo ainda.

– Então, vem, vamos comer primeiro, estava preparando um lanche para as crianças e vou fazer um pra você também.

– Não precisa…

– Precisa, sim. Um moço bonito igual a você precisa se alimentar também como todos os outros menos afortunados.

– Eu? Bonito?

– Lindo. – Afastou-se e fez um gesto para que entrasse; viu que ele trazia vários apetrechos. – Coloca essas coisas perto da piscina, depois você faz o que tem que fazer, tá bom? Agora, vamos comer!

As filhas dela, com poucos anos e que ele já conhecia de outras visitas, estavam brincando numa piscina inflável que ficava fora do cercado da piscina de adultos. Deu um oi e procurou um canto para colocar as suas coisas.

A mesa da área gourmet estava repleta de itens para um piquenique.

– Pode beliscar o que quiser, tá? – informou-lhe Camila. – Você deve estar com fome. Tem refrigerante na geladeira. Pode pegar. Tem suco também, se preferir.

– Obrigado. Nossa… Que delícia, dona Camila… Obrigado, viu? Tô morrendo de fome mesmo.

– Imagino. Coitado…

Rodrigo reparou nos detalhes do biquíni que ela usava. A parte de baixo mostrava um risco formado pelo tecido que se acomodava na intimidade dela e proporcionava a dimensão exata do seu sexo. Dava a impressão que toda aquela área era raspada ou, pelo menos, com pouquíssimos pelos, inclusive a virilha que se mostrava lisa. A parte de cima era maior que o tamanho dos seios, que não eram pequenos, e dava a impressão que eles descansavam nos bojos. Quando ela se debruçava para pegar alguma coisa, projetavam-se, oferecendo uma visão perturbadora.

Os lanches já estavam adiantados e logo ficaram prontos.

– Vem comer, meninas!

Elas vieram em festa, ainda molhadas, para se sentar ao lado da mãe, uma de cada lado. Nem deram bola para o jovem, atentas ao que era oferecido para deglutirem.

– Experimenta, Rodrigo, veja se está do seu gosto.

Em meio à farra das crianças, mordeu e se deliciou.

– Humm, que delícia, dona Camila…

– Pare de me chamar de dona, tá? Lá fora, na loja, tudo bem, mas aqui é só Camila. Beleza?

– Claro.

– Pode comer à vontade, viu?

– Obrigado.

– E pode me olhar à vontade também.

– Heim?!

Ela riu. Falava sem encará-lo, dando atenção às meninas.

– Se estou vestida assim é porque não me importo que olhe.

– Mas eu não estava olhando.

Riu de novo.

– Estava, sim. O tempo todo.

– Desculpa…

– Nada disso. Relaxa. Pode olhar e reparar nos detalhes que chamarem a sua atenção. Tenho várias pintas espalhadas pelo corpo. Tente contá-las.

– Nossa… Já vi… Tem mesmo.

– Só não me toque. Entendeu, né?

– Ah, sim. Entendi.

Enquanto comiam, olhavam-se de soslaio e ele notava um olhar carinhoso e despreocupado. Camila se movia com naturalidade e não se importava com a exposição dos seios quando atendia a uma das filhas.

Numa dessas, flagrou-lhe o olhar admirado e sorriu para deixá-lo tranquilo.

– Você tem silicone neles? São grandes.

– Não. Por isso que estão meio moles. Mas até que estão bem, porque amamentei as duas.

– São lindos.

– Obrigada. Está contando as pintas? – sorriu, inclinando a cabeça denotando curiosidade. – Ou perdeu o interesse?

– Estou encantado com a senhora, sabia?

– É mesmo?! Que bom! Estou precisando mesmo de um pouco de confete.

Rodrigo sorriu timidamente, ainda sem compreender a atitude dela. Não parecia estar tão bêbada.

– E o lanche?

– Muito bom.

– Quer mais? Pode preparar mais um.

– Ah, eu quero.

– Fique à vontade.

As meninas pediram sorvete. Camila se levantou para buscar no freezer. As taças já estavam na mesa. Rodrigo aceitou também e se deliciou.

– Nossa! Se fosse sempre assim, não iria mudar de profissão nunca mais na vida!

– Tem mais clientes hoje?

– Tem, mas não é urgente.

– Então, você pode passar a tarde aqui com a gente.

– Na verdade, tenho que fazer a limpeza da piscina. Vou ficar umas duas horas, pelo menos.

– Depois que terminar, quero que você entre nela pra fazer um teste.

– Eu?!

Camila deu uma gargalhada por conta da expressão dele de incredulidade.

– Claro! Para ter certeza que ficou bem feito.

– Ah, tá bom… Eu faço isso.

– Eu entro com você.

– Tá falando sério?

– Claro!

– Bom… Melhor ainda.

Uma das meninas perguntou se poderia voltar para a água. Camila disse que sim e se levantou para acompanhá-las até o local. Rodrigo ficou admirando as nádegas salientes e trêmulas que o biquíni tipo asa-delta deixava ver. Mais tranquilo, reparou descaradamente nos detalhes do corpo exibido, mas se contendo em externar os comentários picantes que desfilavam por sua mente.

Ela confirmou que estavam à sombra e voltou para tirar a mesa ficando numa posição que podia vê-las o tempo todo. No entanto, se mudasse de posição ocultaria o corpo sem deixar de acompanhá-las. Era uma posição estratégica.

– Eu te ajudo. – Prontificou-se Rodrigo.

– Não. Pode deixar. Vá lá fazer o seu trabalho. Vamos receber uns amigos amanhã e o Rogério está preocupado que esteja limpinha. Capricha, tá?

– Ele vai chegar a que horas?

– Ficou preocupado, né? Mas fique tranquilo, só à noite. Eu não estaria de biquíni com você aqui se ele fosse chegar logo. Aliás, se o portão da garagem abrir, corra pra piscina e nem olhe para mim enquanto estiver aqui.

– Ah, tá… – Rodrigo lhe dedicou um olhar carinhoso e baixou o tom da voz para não ser ouvido pelas meninas. – A senhora gosta de mim, né?

– Senhora?!

– Você.

– Ah, tá. – Encarou-o com simpatia. – Gosto muito. Desde que te conheci na loja do seu pai.

– Acho que foi recíproco. Fiquei encantado por você.

– Eu sei. Vejo pelo seu olhar. Você me come com os olhos!

– E você não se importa?

– Pelo contrário… me excita.

– Está excitada agora?

– Desde que você chegou.

– Eu também.

– Eu sei.

– Podemos fazer alguma coisa?

– Você está falando de sexo?

– Sim.

– Ficou com vontade de transar comigo?

– Muita vontade!

Camila riu, excitada.

– Não tem como… As meninas…

– É… Que pena.

– Você não está intimidado comigo, né? Gosto disso. Parece um veterano tentado me conquistar.

– Confesso que estou me sentindo à vontade mesmo, mas prometo não ultrapassar os limites, não vou te tocar, por exemplo, como você pediu, porque quero muito que aconteça algo mais.

– Ai, que legal, que gentil da sua parte dizer isso. Fico mais tranquila. De verdade. Significa que você entendeu que eu é que estou no comando. Muito obrigada por me respeitar. Tem que ser assim se você quer mesmo que aconteça alguma coisa.

– Claro que sim.

– Pensando bem, já aconteceu… A gente está conversando sobre sexo e você já viu meus peitos.

– Só uma parte, eu diria.

– Imagina! Acho que até os bicos você já viu!

– Não vi, não.

Num gesto inesperado, Camila afastou as partes para o lado e expôs os dois.

– Pra você não dizer isso de novo.

– Uau! Nossa… – assoprou para aliviar a respiração parada. – Que bicos lindos!

– Não são?

– Deve ser uma delícia mamar neles.

Ela gargalhou, ainda mais excitada.

– Deu vontade?

– Deu… São lindos…

– Que graça que tem fazer isso?

– Você não gosta? O seu Rogério nunca fez isso?

– Ele faz com força. Acaba doendo.

– Vou ser bem delicado na minha vez.

– É isso aí. Talvez eu goste. 

– Vou fazer do jeito que você gostar.

– Ah… Mais um ponto pra você. Seja sempre assim com as mulheres.

Da mesma forma que antes, guardou os seios, ajeitando-os no biquíni, e mudou de lugar.

– Já?!

– É melhor não arriscar muito. E você já viu como eles são.

– São lindos.

– Obrigada. – Pôs as mãos na cintura e ralhou na brincadeira. – E a piscina? Vai ficar te esperando até quando?

Rodrigo acordou do transe.

– É mesmo…

Levantou-se com cara de desagrado, no entanto, sorria. Camila percebeu e riu também, claramente excitada com a presença do rapaz. Ao seu lado, quatro latinhas de cervejas eram ameaçadas pelo vento. Assim, que ele se afastou, abriu mais uma acompanhando os seus movimentos.

Rodrigo se concentrou no trabalho o máximo que pode, mas procurava Camila a todo instante. Eram duas coisas que mexiam com sua cabeça, a obrigação de limpar a piscina e vontade de fazer sexo com ela.

O mesmo ocorria com Camila, só que o cuidado era com as crianças. A cerveja a fez ficar desinibida como nunca, um pouco, talvez, pelo fato de admirar aquele rapaz desde sempre. Para ela, era o moço mais bonito da cidade. O tipo de homem que considerava o ideal de beleza. Muito distante do marido desengonçado e mal educado. Franziu a testa, era a primeira vez que agia assim, mas por que não se divertir um pouco.

Algum tempo depois, não se conteve e sem afastar os olhos das filhas, aproximou-se da cerca próxima de onde ele estava.

– Está indo tudo bem, Rodrigo?

– Sim. Ela estava meio limpa, é mais o tratamento da água.

– Eu ia te dizer isso. A bomba ficou ligada desde o meio da manhã.

– Ah, isso ajuda mesmo.

– Falta muito?

– Não. Na verdade, tenho que esperar uns quinze minutos para conferir, mas acho que está tudo bem com a água.

Camila baixou o tom para falar.

– Você vai entrar pra testar?

Ele riu.

– Você vai entrar comigo?

– Não vai dar. É complicado com elas aqui.

– Então… Não sei… – falou, aproximando-se mais.

Camila se empertigou, seu coração estava acelerado. Adorava aquela sensação.

– Queria ter ver pelado.

– Me ver pelado para conhecer a parte de baixo?

Era a primeira vez que baixava o nível, mas ela não se importou.

– Principalmente… Ele está… firme?

– Completamente. Precisaria só de um toque seu para explodir.

– Uau…

O volume sob o short indicava que a afirmação era verdadeira.

– E, aí? Só um toque… – insistiu Rodrigo.

A tentação era grande, como nunca antes, mas ao invés de seguir adiante, olhou para as filhas. A lucidez aflorou. Respirou fundo. Nunca agira assim. Ainda mais na presença delas.

– Não. Hoje não. – Virou-se de costas e começou a se afastar. – É melhor você ir embora.

– Ah…

– Depois, eu te ligo.

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